Desde pequena, eu sempre adorei estudar. Eu tinha loucura para ir à escola, mas como nascí no mês de agosto, e no Brasil para começar a primeira série era obrigatório ter 7 anos completo (que tarde!), nao pude começar o curso no ano que eu completava 7, mas quando completaria 8. Nao fui ao prezinho, mas aprendi a ler sozinha, gibizinhos da Disney. De fato, quando finalmente entrei na escola, já sabia ler.
Minha vida até entao era bastante movida... e continuou sendo: comecei o primeiro ano numa escola do Itaim Bibi, pois estava morando com o meu pai e a minha madrasta bruxa entao. Como o meu pai descubriu que eu nao podia chegar perto dele que ela vinha por trás e me beliscava pra eu sair de perto e me mantinha trancada num quarto o dia inteiro, ele ficou com "dó" e me mandou pra casa da minha tia, irma dele, na metade do curso. Entao, pra ir à escola, eu "viajava" de ônibus desde o Jd Sta. Branca, em Santo Amaro, até o Itaim, todos os dias. Peguei sarampo, fiquei um mês sem assistir às aulas e quase perdi o ano por faltas, mas a minha professora, Dona Bernadete, gostava muito de mim e falou pra minha mae que eu era a melhor aluna e nao ia me deixar repetir.
Na segunda série, mudança de escola, pra mas perto de casa: Igreja Verde. Ia andando, todos os dias, sozinha. Os meu primos estudavam em outra escola, municipal, que era muito mais legal e eu era louca pra estudar com eles. Neste ano, outra mudança de casa: fui morar com o meu tio, irmao do meu pai, mas continuei na mesma escola.
Terceira série, finalmente fui para a escola municipal que eu tanto queria, mas, na metade do ano, por motivos de trabalho do meu tio, tivemos que mudar-nos para o interior de Sao Paulo e toca na metade da terceira série, mudar de casa, cidade e escola de novo.
Na nova cidade, muito legal: os tres melhores alunos de cada classe ganhavam um premio em dinheiro do prefeito, numa caderneta de poupança e eu recém chegada, acabei ficando em segundo lugar e tive a minha poupança aberta. Pensei que ficaria nesta escola até me "formar", mas houve mudanças na secretaria de ensino e na 5ª série tive que começar em outra escola, estadual, mas próxima de casa. Sempre estudei em escola pública, e o nivel de ensino era comoo vocês já sabem e talvez por isso, nunca foi difícil ser a melhor aluna. Por motivos religiosos, nao tive nenhum incentivo para continuar estudando o colegial e só fui fazê-lo anos mais tarde, depois de casar e ter as minhas filhas. A idéia de fazer uma faculdade era entao, bastante complicada com duas filhas pequenas.
Quando me mudei para Mallorca, e as meninas já nao eram "tao" pequenas, resolvi me arriscar e prestar o vestibular para maiores de 25 anos. Todos diziam que era uma loucura, que a grande maioria reprovava. Eu nunca tinha estudado espanhol, nem história da Espanha, muito menos catalao, idioma do exame, nem literatura, arte, etc, etc.... Estudei tanto, mas tanto, mas tanto que no dia do exame, me sentia como uma esponja completamente enxarcada... nao cabia nem uma gota mais... Me senti a "zebra" no meio daquela sala lotada de espanhois e me perguntei: "o que é que eu estou fazendo aqui???"... tremia tanto que a minha letra saia horrível.... Exames de "Cultura Geral" onde entrava literatura e gramática catalana, entre outras coisas, " Lógica", lingua estranjeira (Inglês) e um exame específico sobre o curso que eu queria fazer, "Psicologia" e "Comentário de Texto", que pontuava mais. Nos avisaram que nao admitiam erros de gramática, pois quem nao sabia escrever, nao podia cursar uma faculdade e que se eles encontravam qualquer erro, nem se davam ao trabalho de continuar lendo: lixo.... ho...
Durante todos os meses que estive me preparando para os exames, mentalizei que eu ia aprovar. Imaginava o meu nome da lista dos aprovados. Quando alguém me dizia "e se....vc nao aprovar", eu dia que nao existia esta possibilidade: nunca pensei "e se..." eu pensava "quando eu aprovar"... me diziam que em caso contrário, a decepçao seria muito grande.... mas eu nao admitia pensar nesta possibilidade.
Demorou pra sair o resultado... ai como demorou. Um dia a minha prima, que também tinha feito o exame, me ligou dizendo que os resultados tinha saído e estavam expostos no campus. Peguei meu carro e sai voando pra lá, com um nó na garganta do tamanho de um bonde... e no meio de todos os nomes de espanhois com seus números de identificaçao espanhois, lá estava o meu... Voltei pra casa chorando, chorando durante todo o caminho e agradecendo, agradecendo... e agradecendo... Foi assim que comecei minha faculdade de Psicologia numa universidade estrangeira....
Hoje estou encarando um novo desafio. Ontem a minha filha me perguntou onde estava com a cabeça de me meter a estudar Medicina Chinesa: eu amo o que estou estudando!! Estudar o corpo humano me deixa verdadeiramente assombrada: nós somos um milagre!!! Vocês sabem todo o processo e mobilizaçao necessários tao somente para mover o nosso dedo mindinho???? e o nosso coraçao continua batendo, continuamos respirando, estejamos conscientes disso ou nao... Nao existe máquina mais complexa nem mais maravilhosa... e sinceramente, nao posso entender como alguém pode acreditar que isso é uma obra do acaso... "Quem" projetou esse milagre que somos nós, é Graaaaande.... muito "Grande"...
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Sábado, fui com o Joan ver "Invasión" (The Invasion - Nicole Kidman, Daniel Craig). O nome já diz tudo... gostei também, cheio de sustos, mas bem bolado. Os últimos filmes que vi da Nicole Kidman foram bastante rarinhos, mas este, sendo mais comercial, é mais "assistível" e ela, é ela, né? Seja o filme bom ou ruim, ela é uma atriz que dá gosto assistir.
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